quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Líder dos mineiros resgatados no Chile conta detalhes dos dias de confinamento

Publicada em 14/10/2010 às 09h23m
O Globo Luis Urzúa e o presidente chileno, Sebastian Piñera - Reuters
RIO - Logo depois de ser resgatado, Luis Urzúa, último dos 33 mineiros a sair da mina San José, no Chile , parecia ansioso para falar sobre o sofrimento nos 69 dias de confinamento. Na saída da mina, em uma conversa com o presidente chileno, Sebastian Piñera, transmitida por TVs de todo o mundo, Urzúa revelou detalhes do período.
- Quando chegou a primeira sonda no refúgio, todos queriam abraçar o martelo (a ponta da sonda). Eram 6h quando a primeira sonda chegou e tínhamos todo um protocolo para o primeiro dia que chegasse uma sonda. Mas se esqueceu de tudo - disse ele, lembrando o momento em que, 17 dias depois do desmoronamento que os deixou presos na mina, chegava a sonda que lhes permitiu anunciar que estavam vivos.
O mineiro contou também que na primeira sonda que chegou ao refúgio havia vários papéis. Um dizia "me mande comida, tenho fome". O que chegou à superfície foi o bilhete escrito por José Ojeda que se tornou conhecido: "Estamos bem no refúgio, os 33".
Segundo Urzúa, depois do acidente, ocorrido em 5 de agosto, os mineiros levaram umas três horas para constatar qual era a situação, devido a poeira que se levantou com o desmoronamento na mina. Eles realizaram várias tentativas para sair.
Muitos fizeram "coisas que não eram as melhores, mas por sorte soubemos manter a sanidade e, graças a Deus, não houve nenhum acidentado", contou. Sua maior preocupação era com os companheiros que estavam deixando a mina no momento do acidente.
- Rogamos porque tínhamos três ou quatro pessoas que estavam saindo. Sempre nos perguntamos se tinham saído ou não - disse o mineiro, segundo o jornal "El Mercúrio". - Víamos como as máquinas perfuravam. Nos primeiros cinco dias estávamos seguros de que estavam trabalhando na mina, mas víamos que era difícil.
Sobre o estado de ânimo durante o confinamento, Urzúa disse que "de repente podia descer, mas tinha força suficiente para falar com os trabalhadores". O líder do grupo também lembrou dos primeiros momentos após o desmoronamento e explicou que tinham muito pouco comida. Ele confirmou que os 33 só comiam a cada 48 horas para economizar.
O presidente disse, por sua vez, que o Chile viveu intensa preocupação porque "perfurávamos, mas não sabíamos onde estavam, si estavam vivos ou mortos" até que a primeira sonda chegou ao refúgio para, depois, ser alargada e transformada em túnel para o resgate.

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