da Efe, em Santiago
Os governos sul-americanos assumiram nesta segunda-feira o compromisso "histórico" de coordenar seus planos de defesa mediante um organismo de diálogo e cooperação política, destacaram representantes de vários países da região.
O Conselho de Defesa Sul-americano (CDS), que se reúne nesta segunda e terça-feira em Santiago e no qual estão representados os 12 integrantes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), é um "marco histórico" nas relações entre os países da região, destacou o ministro chileno, José Goñi.
O anfitrião da reunião que definirá o plano de ação deste organismo para os próximos quatro anos disse que a criação do CDS é a decisão mais importante adotada até agora pela Unasul, junto com a cúpula presidencial convocada de urgência em setembro do ano passado para analisar os graves eventos na Bolívia.
O Conselho de Defesa Sul-Americano não será uma aliança militar clássica, como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), nem organizará um Exército próprio nem se envolverá nas decisões de compra de armas adotadas por seus membros.
Segundo os delegados, que nesta segunda-feira trabalharam na declaração que será assinada amanhã pelos ministros da Defesa, também não representa um desafio aos grandes blocos militares que, como os Estados Unidos e a Rússia, estão atentos ao que acontece na região.
A principal aspiração de Brasil, Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Suriname, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela é fortalecer a confiança mútua mediante a integração, o diálogo e a cooperação em matéria de defesa.
E, para isso, já há iniciativas concretas, como a apresentada pelo país anfitrião de criar uma rede para a troca de informação sobre políticas de defesa.
O Chile também propôs, ao lado da Argentina, a transparência de informações sobre despesas e indicadores econômicos da defesa, um dos aspectos mais controvertidos, levando em conta a desconfiança de alguns países com o aumento do orçamento militar de seus vizinhos.
Sobre isso, Goñi enfatizou que o "Chile não está aumentando sua despesa em defesa, mas está fazendo investimentos de reposição e modernização de seus sistemas de armas, em absoluto equilíbrio com a manutenção de um adequado nível de defesa".
Na reunião de hoje, Peru e Chile também lançaram a proposta de criar um mecanismo para articular posições conjuntas da região em foros multilaterais, assim como a realização de um seminário sobre modernização dos ministérios de Defesa, uma iniciativa que recebeu o apoio do Equador.
Um dos países que mais iniciativas apresentou é a Venezuela, que se comprometeu a organizar um seminário para identificar os fatores de risco e as ameaças que possam interferir na paz regional e mundial, e definir os diferentes enfoques que existem hoje do conceito de defesa.
Argentina, Peru e Venezuela também se comprometeram a planejar um exercício combinado de assistência em casos de catástrofe ou desastres naturais, e a trocar experiência sobre o estabelecimento de mecanismos de resposta imediata a desastres naturais.
O Equador, que em maio substituirá o Chile à frente da presidência temporária da Unasul e do CDS, se comprometeu a realizar uma oficina para elaborar um diagnóstico sobre a indústria da Defesa na região, enquanto a Venezuela mostrou seu interesse em promover iniciativas bilaterais e multilaterais de cooperação e produção da indústria de defesa.
"Observo em todas as delegações uma enorme disposição e entusiasmo para concretizar esta ideia, para sair desta reunião com um plano de ação que defina claramente as tarefas que vamos realizar nos próximos anos", resumiu o presidente temporário do CDS, José Goñi.
Os ministros sul-americanos de Defesa participaram durante o dia de diversos encontros bilaterais antes de ser recebidos no Palácio da Moeda pela presidente Michelle Bachelet.
Amanhã, eles aprovarão a declaração que definirá o plano de ação do CDS para o período entre 2009 e 2012.